20.6.10

Encerramento do Ano Sacerdotal


Homilia do Papa no encerramento do Ano Sacerdotal
Praça de São Pedro, 11 de junho de 2010



Apresentamos a homilia do Papa Bento XVI na Santa Missa de encerramento do Ano Sacerdotal, na solenidade do Sagrado Coração de Jesus, Praça de São Pedro, dia 11 de junho de 2010.

Pezados irmãos no ministério sacerdotal,

Amados irmãos e irmãs,

O Ano Sacerdotal que celebrámos 150 anos depois da morte do Santo Cura d’Ars, modelo do ministério sacerdotal no nosso mundo, está para terminar. Deixámo-nos guiar pelo Cura d’Ars, para voltarmos a compreender a grandeza e a beleza do ministério sacerdotal. O sacerdote não é simplesmente o detentor de um ofício, como aqueles de que toda a sociedade tem necessidade para nela se realizarem certas funções. É que o sacerdote faz algo que nenhum ser humano, por si mesmo, pode fazer: pronuncia em nome de Cristo a palavra da absolvição dos nossos pecados e assim, a partir de Deus, muda a situação da nossa vida. Pronuncia sobre as ofertas do pão e do vinho as palavras de agradecimento de Cristo que são palavras de transubstanciação – palavras que O tornam presente a Ele mesmo, o Ressuscitado, o seu Corpo e o seu Sangue, e assim transformam os elementos do mundo: palavras que abrem de par em par o mundo a Deus e o unem a Ele. Por conseguinte, o sacerdócio não é simplesmente «ofício», mas sacramento: Deus serve-Se de um pobre homem a fim de, através dele, estar presente para os homens e agir em seu favor. Esta audácia de Deus – que a Si mesmo Se confia a seres humanos; que, apesar de conhecer as nossas fraquezas, considera os homens capazes de agir e estar presentes em seu nome – esta audácia de Deus é o que de verdadeiramente grande se esconde na palavra «sacerdócio». Que Deus nos considere capazes disto; que deste modo Ele chame homens para o seu serviço e Se prenda assim, a partir de dentro, a eles: isto é o que, neste ano, queríamos voltar a considerar e compreender. Queríamos despertar a alegria por termos Deus assim tão perto, e a gratidão pelo facto de Ele Se confiar à nossa fraqueza, de Ele nos conduzir e sustentar dia após dia. E queríamos assim voltar a mostrar aos jovens que esta vocação, esta comunhão de serviço a Deus e com Deus, existe; antes, Deus está à espera do nosso «sim». Juntos com a Igreja, queríamos novamente assinalar que esta vocação devemos pedi-la a Deus. Pedimos operários para a messe de Deus, mas este pedido a Deus é simultaneamente Deus que bate à porta do coração de jovens que se considerem capazes daquilo de que Deus os considera capazes. Era de esperar que este novo resplendor do sacerdócio não fosse visto com agrado pelo «inimigo»; este teria preferido vê-lo desaparecer, para que em definitivo Deus fosse posto fora do mundo. E assim aconteceu que, precisamente neste ano de alegria pelo sacramento do sacerdócio, vieram à luz os pecados dos sacerdotes – sobretudo o abuso contra crianças, no qual o sacerdócio enquanto serviço da solicitude de Deus em benefício do homem se transforma no contrário. Também nós pedimos insistentemente perdão a Deus e às pessoas envolvidas, enquanto pretendemos e prometemos fazer tudo o possível para que um tal abuso nunca mais possa suceder; prometemos que, na admissão ao ministério sacerdotal e na formação ao longo do caminho de preparação para o mesmo, faremos tudo o que pudermos para avaliar a autenticidade da vocação, e que queremos acompanhar ainda mais os sacerdotes no seu caminho, para que o Senhor os proteja e guarde em situações penosas e nos perigos da vida. Se o Ano Sacerdotal devesse ser uma glorificação do nosso serviço humano pessoal, teria ficado arruinado com estas vicissitudes. Mas, para nós, tratava-se precisamente do contrário: sentir-se agradecidos pelo dom de Deus, dom que se esconde em «vasos de argila» e que sem cessar, através de toda a fraqueza humana, concretiza neste mundo o seu amor. Assim consideramos tudo o que sucedeu como um serviço de purificação, um serviço que nos lança para o futuro e faz agradecer e amar muito mais o grande dom de Deus. Deste modo, o dom torna-se o compromisso de responder à coragem e à humildade de Deus com a nossa coragem e a nossa humildade. Nesta hora, a palavra de Cristo, que proclamámos no cântico de entrada desta liturgia, pode dizer-nos o que significa tornar-se e ser sacerdotes: «Tomai o meu jugo sobre vós e aprendei de Mim, que Eu sou manso e humilde de Coração» (Mt 11, 29).



Celebramos a festa do Sagrado Coração de Jesus e, com a liturgia, por assim dizer lançamos um olhar dentro do Coração de Jesus que, na morte, foi aberto pela lança do soldado romano. Sim, o seu Coração está aberto por nós e aos nossos olhos; e deste modo está aberto o Coração do próprio Deus. A liturgia dá-nos a interpretação da linguagem do Coração de Jesus, que fala sobretudo de Deus como pastor dos homens e, deste modo, manifesta-nos o sacerdócio de Jesus, que está radicado no íntimo do seu Coração; indica-nos assim o perene fundamento e também o critério válido de todo o ministério sacerdotal, que deve estar sempre ancorado no Coração de Jesus e ser vivido a partir dele. Hoje queria meditar principalmente sobre os textos com que a Igreja em oração responde à Palavra de Deus apresentada nas leituras. Nestes cânticos, compenetram-se palavra e resposta; por um lado, são tirados da Palavra de Deus, mas, por outro e simultaneamente, são já a resposta do homem à referida Palavra, resposta na qual a própria Palavra se comunica e entra na nossa vida. O mais importante destes textos na liturgia de hoje é o Salmo 22 (23) – «O Senhor é meu pastor» –; nele Israel acolheu em oração a auto-revelação de Deus como pastor e dela fez a orientação para a sua própria vida. «O Senhor é meu pastor, nada me falta»: neste primeiro versículo, exprimem-se alegria e gratidão pelo facto de Deus estar presente e Se ocupar de nós. A leitura tirada do Livro de Ezequielcomeça com o mesmo tema: «Eu próprio tomarei cuidado das minhas ovelhas, Eu é que hei-de olhar por elas» (Ez 34, 11). Deus, pessoalmente, cuida de mim, de nós, da humanidade. Não fui deixado sozinho, perdido no universo e numa sociedade onde se fica cada vez mais desorientado. Ele cuida de mim. Não é um Deus distante, para Quem contaria muito pouco a minha vida. As religiões da Terra, por aquilo que nos é dado ver, sempre souberam que, em última análise, só há um Deus; mas este Deus era distante. Aparentemente, Ele deixava o mundo abandonado às outras potestades e forças, às outras divindades. Com estas, era preciso encontrar um acordo. O Deus único era bom, mas distante. Não constituía um perigo, mas tampouco oferecia uma ajuda. Assim, não era necessário ocupar-se d’Ele. Não era Ele que dominava. Por estranho que pareça, este pensamento ressurgiu no Iluminismo. Que o mundo pressupõe um Criador, ainda se compreendia. Este Deus teria construído o mundo, mas depois, evidentemente, retirou-se dele. Agora o mundo tinha um conjunto próprio de leis, segundo as quais se desenvolvia e nas quais Deus não intervinha, nem podia intervir. Deus era apenas uma origem remota. Muitos talvez não desejassem sequer que Deus cuidasse deles. Não queriam ser incomodados por Deus. Mas, sempre que a solicitude e o amor de Deus são sentidos como incómodo, o ser humano acaba subvertido. É bom e consolador saber que há uma pessoa que me ama e cuida de mim; mas muito mais decisivo é que exista um Deus que me conhece, me ama e Se preocupa comigo. «Conheço as minhas ovelhas, e elas conhecem-Me» (Jo 10, 14): diz a Igreja, antes do Evangelho, tomando uma palavra do Senhor. Deus conhece-me, preocupa-Se comigo: este pensamento deveria fazer-nos verdadeiramente felizes; deixemo-lo penetrar profundamente no nosso íntimo. Então compreenderemos também o que significa isto: Deus quer que nós, como sacerdotes, num pequenino ponto da história, compartilhemos as suas preocupações pelos homens. Como sacerdotes, queremos ser pessoas que, em comunhão com a sua solicitude pelos homens, cuidamos deles e lhes fazemos experimentar concretamente esta solicitude de Deus. E o sacerdote, no âmbito que lhe está confiado, deveria poder dizer juntamente com o Senhor: «Conheço as minhas ovelhas, e elas conhecem-me». O sentido deste «conhecer», na Sagrada Escritura, nunca é simplesmente o de um saber exterior, como quando se conhece o número do telefone de uma pessoa; mas «conhecer» significa estar interiormente próximo do outro, amá-lo. Nós havemos de procurar «conhecer» os homens por parte de Deus e em ordem a Deus; havemos de procurar caminhar com eles pela estrada da amizade de Deus.



Voltemos ao nosso Salmo. Lá se diz: «Ele me guia pelo caminho mais seguro para glória do seu nome. Passarei ravinas tenebrosas e não temo; Vós estais comigo, o vosso cajado me sossega» (22, 3-4). O pastor indica a estrada certa àqueles que lhe estão confiados. Vai à sua frente e guia-os. Por outras palavras: o Senhor mostra-nos como se realiza de modo justo o ser homens. Ensina-nos a arte de ser pessoa. Que devo fazer para não me afundar, para não desperdiçar a minha vida com o que não tem sentido? Esta é precisamente a pergunta que cada homem se deve colocar a si mesmo, válida em cada período da vida. E como é grande a escuridão à volta de tal pergunta, no nosso tempo! Vem-nos sempre de novo à mente aquela atitude de Jesus, que Se enchera de compaixão pelos homens, porque eram como ovelhas sem pastor. Senhor, tende piedade também de nós! Indicai-nos a estrada! A partir do Evangelho, sabemos isto: Ele mesmo é o caminho. Viver com Cristo, segui-Lo: isto significa encontrar o caminho certo, para que a nossa vida ganhe sentido e possamos dizer um dia: «Sim, foi bom viver». O povo de Israel sentia-se, e sente-se, agradecido a Deus, porque lhe indicou, nos Mandamentos, o caminho da vida. O longo Salmo 118 (119) é todo ele uma expressão de alegria por este facto: não titubeamos na escuridão. Deus mostrou-nos qual é o caminho, como podemos caminhar de modo certo. O que dizem os Mandamentos foi sintetizado na vida de Jesus e tornou-se um modelo vivo. Compreendemos assim que estas directrizes de Deus não são algemas, mas o caminho que Ele nos indica. Podemos alegrar-nos por elas, e exultar porque em Cristo nos aparecem como realidade vivida. Ele mesmo nos tornou felizes. Caminhando juntamente com Cristo, fazemos a experiência da alegria da Revelação, e, como sacerdotes, devemos comunicar às pessoas a alegria pelo facto de nos ter sido indicado o caminho certo da vida.



Aparece depois a palavra que nos fala de «ravinas tenebrosas», através das quais o homem é guiado pelo Senhor. O caminho de cada um de nós conduzir-nos-á um dia às ravinas tenebrosas da morte, onde ninguém pode acompanhar-nos. Mas Ele estará lá. O próprio Cristo desceu à noite escura da morte. Mesmo lá, Ele não nos abandona. Mesmo lá, Ele nos guia. «Se descer aos abismos, ali Vos encontrais»: diz o Salmo 138 (139). Sim, Vós estais presente mesmo no último transe; e assim o nosso Salmo Responsorial pode dizer: mesmo lá, nas ravinas tenebrosas, não temo mal algum. Mas, ao falar de ravinas tenebrosas, podemos pensar também nas ravinas tenebrosas da tentação, do desânimo, da provação, que cada pessoa humana tem de atravessar. Mesmo nestas ravinas tenebrosas da vida, Ele está presente. Sim, Senhor, nas trevas da tentação, nas horas de ofuscamento quando todas as luzes parecem apagar-se, mostrai-me que estais presente. Ajudai-nos, a nós sacerdotes, para podermos nessas noites escuras estar ao lado das pessoas que nos foram confiadas, para podermos mostrar-lhes a vossa luz.



«O vosso cajado me sossega»: o pastor precisa de usar o cajado como um bastão contra os animais selvagens que querem irromper no meio do rebanho; contra os salteadores que procuram o seu botim. A par de bastão, o cajado serve também de apoio e ajuda para atravessar sítios difíceis. As duas coisas fazem parte também do ministério da Igreja, do ministério do sacerdote. Também a Igreja deve usar o bastão do pastor, o bastão com que protege a fé contra os falsificadores, contra as orientações que, na realidade, são desorientações. Por isso mesmo este uso do bastão pode ser um serviço de amor. Hoje vemos que não se trata de amor, quando se toleram comportamentos indignos da vida sacerdotal. E também não se trata de amor, se se deixa proliferar a heresia, a deturpação e o descalabro da fé, como se tivéssemos nós autonomamente inventado a fé; como se já não fosse dom de Deus, a pedra preciosa que não deixaremos arrebatar. Ao mesmo tempo, porém, o bastão deve continuar a ser o cajado do pastor, cajado que ajude os homens a poderem caminhar por sendas difíceis e a seguirem o Senhor.



A parte final do Salmo fala da mesa preparada, do óleo com que se unge a cabeça, do cálice transbordante, de poder habitar junto do Senhor. No Salmo, tudo isto exprime, antes de mais nada, a dimensão da alegria pela festa de estar com Deus no templo, ser hospedados e servidos por Ele mesmo, poder habitar junto d’Ele. Para nós, que rezamos este Salmo com Cristo e com o seu Corpo que é a Igreja, esta dimensão de esperança adquiriu uma amplidão e profundidade ainda maiores. Por assim dizer, vemos nestas palavras uma antecipação profética do mistério da Eucaristia, no qual Deus mesmo nos acolhe como seus comensais oferecendo-Se-nos a Si mesmo como alimento, como aquele pão e aquele vinho refinados que são os únicos capazes de constituir a derradeira resposta à fome e sede íntima do homem. Como não sentir-se feliz por poder cada dia ser hóspede à própria mesa de Deus, por habitar junto d’Ele? Como não sentir-se feliz pelo facto de Ele nos ter mandado: «Fazei isto em memória de Mim»? Felizes porque Ele nos concedeu preparar a mesa de Deus para os homens, dar-lhes o seu Corpo e o seu Sangue, oferecer-lhes o dom precioso da sua própria presença. Sim, com todo o coração podemos rezar juntos as palavras do Salmo: «A vossa bondade e misericórdia me acompanham no caminhar da minha vida» (22, 6).



Por último lancemos, ainda que brevemente, um olhar sobre os dois cânticos da comunhão propostos pela Igreja na sua liturgia de hoje. Em primeiro lugar, temos as palavras com que São João conclui a narração da crucifixão de Jesus: «Um dos soldados abriu o seu lado com uma lança e dele brotou sangue e água» (Jo 19, 34). O Coração de Jesus é trespassado pela lança. Aberto, torna-se uma fonte; a água e o sangue que saem remetem para os dois Sacramentos fundamentais de que vive a Igreja: o Baptismo e a Eucaristia. Do lado trespassado do Senhor, do seu Coração aberto brota a fonte viva que corre através dos séculos e faz a Igreja. O Coração aberto é fonte de um novo rio de vida; neste contexto, João certamente pensou também na profecia de Ezequiel que vê brotar do novo templo um rio que dá fecundidade e vida (cf. Ez 47): o próprio Jesus é o novo templo, e o seu Coração aberto a fonte da qual jorra um rio de vida nova, que se nos comunica no Baptismo e na Eucaristia.



Mas a liturgia da Solenidade do Sagrado Coração de Jesus prevê como cântico de comunhão ainda outra frase, ligada à primeira, tirada do Evangelho de João: «Se alguém tem sede, venha a Mim e beba, diz o Senhor. Se alguém acredita em Mim, do seu coração brotará uma fonte de água viva» (cf. Jo 7, 37-38). Na fé, por assim dizer bebemos da água viva da Palavra de Deus. Deste modo o próprio fiel torna-se uma fonte, dá à terra sequiosa da história água viva. Vemo-lo nos Santos. Vemo-lo em Maria que, como grande mulher de fé e de amor, se tornou ao longo dos séculos fonte de fé, amor e vida. Cada cristão e cada sacerdote deveriam, a partir de Cristo, tornar-se fonte que comunica vida aos outros. Devemos dar água da vida a um mundo sedento. Senhor, nós Vos agradecemos porque nos abristes o vosso Coração; porque, na vossa morte e na vossa ressurreição, Vos tornastes fonte de vida. Fazei que sejamos pessoas que vivem, que vivem da vossa fonte, e concedei-nos a possibilidade de sermos também nós fontes capazes de dar a este nosso tempo água da vida. Nós Vos agradecemos pela graça do ministério sacerdotal. Senhor, abençoai-nos a nós e abençoai todos os homens deste tempo que estão sedentos e andam à procura. Amen.



Saudações no final da Santa Missa



Queridos sacerdotes dos países de língua oficial portuguesa, dou graças a Deus pelo que sois e pelo que fazeis, recordando a todos que nada jamais substituirá o ministério dos sacerdotes na vida da Igreja. A exemplo e sob o patrocínio do Santo Cura d’Ars, perseverai na amizade de Deus e deixai que as vossas mãos e os vossos lábios continuem a ser as mãos e os lábios de Cristo, único Redentor da humanidade. Bem hajam!

fonte : Agência Zenit

2.4.10

Quinta Feira Santa -01 de Abril de 2010 - Sermão de Bento XVI

Homilia do Santo Padre Bento XVI - Missa in Coena Domini
01 de Abril de 2010

Amados irmãos e irmãs,


No seu Evangelho, São João refere-nos, mais amplamente do que os outros três evangelistas e com o seu estilo peculiar, os discursos de despedida de Jesus, que se apresentam quase como o seu testamento e a síntese do núcleo essencial da sua mensagem. No início destes discursos, aparece o lava-pés, no qual o serviço redentor de Jesus em favor da humanidade necessitada de purificação é resumido num gesto de humildade. No fim, as palavras de Jesus transformam-se em oração, a sua Oração Sacerdotal, cuja inspiração de fundo foi individuada pelos exegetas no ritual da Festa judaica da Expiação. O que constituía o sentido daquela festa e dos seus ritos – a purificação do mundo, a sua reconciliação com Deus – realiza-se com o acto de Jesus rezar: um rezar que antecipa a Paixão e ao mesmo tempo transforma-a em oração. Assim, na Oração Sacerdotal, torna-se visível também, de maneira muito particular, o mistério permanente de Quinta-feira Santa: o novo sacerdócio de Jesus Cristo e a sua continuação na consagração dos Apóstolos, com a participação dos discípulos no sacerdócio do Senhor. Deste texto inexaurível, pretendo, nesta hora, escolher três afirmações de Jesus, que nos podem introduzir mais profundamente no mistério da Quinta-feira Santa.



A primeira delas é a frase: «É esta a vida eterna: que Te conheçam a Ti, único Deus verdadeiro, e Àquele que enviaste, Jesus Cristo» (Jo 17, 3). Todo o ser humano quer viver. Deseja uma vida verdadeira, plena, uma vida que valha a pena, que seja feliz. Associada com este anseio pela vida, aparece ao mesmo tempo a resistência contra a morte, a qual porém é invencível. Quando Jesus fala da vida eterna, pensa no modo autêntico da vida – uma vida que é vida em plenitude e, consequentemente, livre da morte, mas que pode realmente começar já neste mundo; antes, deve ter início aqui: somente se aprendermos já agora a viver de modo autêntico, se aprendermos aquela vida que a morte não pode tirar, é que a promessa da eternidade tem sentido. Mas como é que isto se realiza? O que vem a ser esta vida verdadeiramente eterna, que a morte não pode lesar? A resposta de Jesus, acabamos de a ouvir: A vida verdadeira é que Te conheçam a Ti – Deus – e o teu Enviado, Jesus Cristo. Com surpresa nossa, é-nos dito que vida é conhecimento. Isto significa antes de mais nada: vida é relação. Ninguém recebe a vida de si mesmo e só para si mesmo. Recebemo-la do outro, na relação com o outro. Se é uma relação na verdade e no amor, um dar e receber, a mesma dá plenitude à vida, torna-a bela. Mas, por isso mesmo, a destruição da relação por obra da morte, pode ser particularmente dolorosa, pode pôr em questão a própria vida. Somente a relação com Aquele que em Si próprio é a Vida, pode sustentar a minha vida mesmo para além das águas da morte, pode conduzir-me vivo através delas. Na filosofia grega, já existia a ideia de que o homem pode encontrar uma vida eterna, se se agarrar àquilo que é indestrutível – à verdade que é eterna. Deveria, por assim dizer, encher-se de verdade, para trazer em si a substância da eternidade. Mas, somente se a verdade for Pessoa, é que pode levar-me através da noite da morte. Nós agarramo-nos a Deus – a Jesus Cristo, o Ressuscitado; e somos assim levados por Aquele que é a própria Vida. Nesta relação, nós vivemos mesmo atravessando a morte, porque não nos abandona Aquele que é a própria Vida.

Mas, voltemos à frase de Jesus… É esta a vida eterna: que Te conheçam a Ti e ao teu Enviado. O conhecimento de Deus torna-se vida eterna. Obviamente, por «conhecimento», aqui entende-se algo mais do que um saber exterior, como acontece quando sabemos, por exemplo, da morte de uma pessoa famosa e da realização de uma invenção. Conhecer, no sentido da Sagrada Escritura, é tornar-se interiormente um só com o outro. Conhecer Deus, conhecer Cristo significa sempre também amá-Lo, tornar-se em certa medida um só com Ele em virtude do conhecer e do amar. Por conseguinte, a nossa vida torna-se autêntica, verdadeira e também eterna, se conhecermos Aquele que é a fonte de todo o ser e de toda a vida. Assim a palavra de Jesus torna-se para nós convite: tornemo-nos amigos de Jesus, procuremos conhecê-Lo cada vez mais! Vivamos em diálogo com Ele! Aprendamos d’Ele a vida recta, tornemo-nos suas testemunhas! Tornar-nos-emos assim pessoas que amam e agiremos de modo justo. Então viveremos verdadeiramente.



Ao longo da Oração Sacerdotal, Jesus fala duas vezes da revelação do nome de Deus: «Manifestei o teu nome aos homens que do mundo Me deste» (v. 6); «dei-lhes a conhecer o teu nome e dá-lo-ei a conhecer, para que o amor com que Me amaste esteja neles e Eu esteja neles» (v. 26). O Senhor faz aqui alusão ao episódio da sarça ardente; lá Deus, respondendo à pergunta de Moisés, revelara o seu nome. Portanto Jesus quer dizer que leva a termo o que se iniciara junto da sarça ardente: Deus, que Se dera a conhecer a Moisés, agora revela-Se plenamente n’Ele. E, com isto, Ele realiza a reconciliação: o amor com que Deus ama o seu Filho no mistério da Trindade, envolve agora os homens nesta circulação divina do amor. Mas concretamente que significa que a revelação da sarça ardente é levada a termo, alcança plenamente a sua meta? O essencial do acontecimento do monte Horeb não foi a palavra misteriosa, o “nome”, que Deus entregara a Moisés, por assim dizer, como sinal de reconhecimento. Comunicar o nome significa entrar em relação com o outro. Por isso, a revelação do nome divino significa que Deus, infinito e subsistente em Si mesmo, entra no entrelaçamento de relações dos homens: Ele, por assim dizer, sai de Si mesmo e torna-Se um de nós, um que está presente no meio de nós e ao nosso dispor. Por isso, Israel, sob o nome de Deus não viu apenas um termo envolvido em mistério, mas o facto de Deus estar-connosco. Segundo a Sagrada Escritura, o Templo é o lugar onde habita o nome de Deus. Nenhum espaço terreno encerra Deus; Ele permanece infinitamente acima do mundo. Mas, no Templo, está presente ao nosso dispor como Aquele que pode ser chamado – como Aquele que quer estar connosco. Este estar de Deus com o seu povo realiza-se na incarnação do Filho. Nesta, completa-se realmente o que tivera início junto da sarça ardente: Deus enquanto Homem pode ser chamado por nós e está perto de nós. Ele é um de nós, sem deixar de ser o Deus eterno e infinito. O seu amor sai, por assim dizer, d’Ele mesmo e entra em nós. O mistério eucarístico, a presença do Senhor sob as espécies do pão e do vinho é a máxima e mais alta condensação deste novo estar-connosco de Deus. «Tu és, na verdade, um Deus escondido, Deus de Israel» - rezava o profeta Isaías (45, 15). Isto continua a ser verdade; mas ao mesmo tempo podemos dizer: verdadeiramente tu és um Deus próximo, és Deus-connosco. Revelaste-nos o teu mistério e mostraste-nos o teu rosto. Revelaste-Te a Ti mesmo e Te entregaste nas nossas mãos… Nesta hora, deve invadir-nos a alegria e a gratidão por Ele Se ter manifestado; por Ele, o Infinito e o Inacessível para a nossa razão, ser o Deus próximo que ama, o Deus que podemos conhecer e amar.



O pedido mais conhecido da Oração Sacerdotal é o da unidade para os discípulos, para aqueles de então e os que haviam de vir: «Não peço somente por eles – a comunidade dos discípulos reunida no Cenáculo – mas também por aqueles que vão acreditar em Mim por meio da sua palavra, para que eles sejam todos um, como Tu, Pai, o és em Mim e Eu em Ti, para que também eles sejam um em Nós e o mundo acredite que Tu Me enviaste» (v. 20s; cf. vv. 11 e 13). Em concreto, que pede aqui o Senhor? Antes de mais nada, Ele reza pelos discípulos daquele tempo e de todos os tempos futuros. Olha em frente para a história futura em toda a sua amplitude. Vê os perigos dela e recomenda esta comunidade ao coração do Pai. Pede ao Pai a Igreja e a sua unidade. Foi dito que a Igreja não aparece no Evangelho de João. Não é verdade; aparece aqui com as suas características essenciais: como a comunidade dos discípulos que, através da palavra apostólica, acreditam em Jesus Cristo e assim se tornam um só. Jesus suplica a Igreja como una e apostólica. Assim esta oração revela-se, propriamente, um acto fundador da Igreja. O Senhor pede a Igreja ao Pai. Esta nasce da oração de Jesus e por meio do anúncio dos Apóstolos, que dão a conhecer o nome de Deus e introduzem os homens na comunidade de amor com Deus. E, por conseguinte, Jesus pede que o anúncio dos discípulos continue ao longo dos tempos; que tal anúncio reúna homens que, baseados no mesmo, reconheçam Deus e o seu Enviado, o Filho Jesus Cristo. Ele reza para que os homens sejam conduzidos à fé e, por meio desta, ao amor. Pede ao Pai que estes crentes «sejam um em Nós» (v. 21); isto é, que vivam na comunhão interior com Deus e com Jesus Cristo e que, a partir deste estar interiormente na comunhão com Deus, se crie a unidade visível. Duas vezes disse o Senhor que esta unidade deverá fazer com que o mundo acredite na missão de Jesus. Portanto deve ser uma unidade que se possa ver: uma unidade que ultrapasse tanto aquilo que habitualmente é possível entre os homens, que se torne um sinal para o mundo e afiance a missão de Jesus Cristo. A oração de Jesus dá-nos a garantia de que o anúncio dos Apóstolos não poderá jamais cessar na história; que suscitará sempre a fé e congregará homens na unidade – uma unidade que se torna testemunho para a missão de Jesus Cristo. Mas esta oração também é sempre um exame de consciência para nós. Nesta hora, o Senhor interpela-nos: vives tu, através da fé, em comunhão comigo e, deste modo, em comunhão com Deus? Ou não estarás porventura a viver mais para ti mesmo, afastando-te assim da fé? E, por isto, não serás talvez culpado da divisão que obscurece a minha missão no mundo, que fecha aos homens o acesso ao amor de Deus? Foi uma componente da Paixão histórica de Jesus e continua uma parte daquela sua Paixão que se prolonga na história o facto de ter Ele visto, e ver, tudo aquilo que ameaça, que destrói a unidade. Quando meditarmos na Paixão do Senhor, devemos também sentir a dor de Jesus pela facto de nos encontrarmos em contraste com a sua oração, de fazermos resistência ao seu amor; de nos opormos à unidade, que deve ser para o mundo testemunho da sua missão.



Nesta hora, em que o Senhor Se oferece a Si mesmo – o seu corpo e o seu sangue – na Santíssima Eucaristia, em que Se entrega nas nossas mãos e corações, oxalá nos deixemos tocar pela sua oração. Oxalá entremos nós mesmos na sua oração, suplicando-Lhe: Sim, Senhor, concede-nos a fé em Ti, que sois um só com o Pai no Espírito Santo; concede-nos viver no teu amor para assim nos tornarmos um só como Tu és um só com o Pai, a fim de que o mundo acredite. Ámen.

fonte : Rádio Vaticano

18.3.10

Vem e Segue-me - Carta do Santo Padre Bento XVI aos Jovens

Com motivo da Jornada Mundial da Juventude


 
CIDADE DO VATICANO, quinta-feira, 18 de março de 2010 (ZENIT.org).- Apresentamos a seguir a mensagem de Bento XVI aos jovens, com motivo da próxima Jornada Mundial da Juventude, que se celebrará em âmbito diocesano no Domingo de Ramos, a 28 de março.


«Bom Mestre, que devo fazer para alcançar a vida eterna?» (Mc 10, 17)

Queridos amigos,


Celebra-se este ano o vigésimo quinto aniversário de instituição da Jornada Mundial da Juventude, desejada pelo Venerável João Paulo II como encontro anual dos jovens crentes do mundo inteiro. Foi uma iniciativa profética que deu frutos abundantes, permitindo às novas gerações cristãs encontrar-se, pôr-se à escuta da Palavra de Deus, descobrir a beleza da Igreja e viver experiências fortes de fé que levaram muitos à decisão de doar-se totalmente a Cristo.

Esta XXV Jornada representa uma etapa rumo ao próximo Encontro Mundial dos Jovens, que terá lugar no mês de Agosto de 2011 em Madrid, onde espero sejais numerosos a viver este evento de graça.


Para nos prepararmos para tal celebração, gostaria de vos propor algumas reflexões sobre o tema deste ano: «Bom Mestre, que devo fazer para alcançar a vida eterna?» (Mc 10, 17), tirado do episódio evangélico do encontro de Jesus com o jovem rico; um tema abordado já em 1985 pelo Papa João Paulo II numa belíssima Carta, a primeira dirigida aos jovens.


1. Jesus encontra um jovem

«Quando saía [Jesus], para se pôr a caminho – narra o Evangelho de São Marcos –aproximou-se dele um homem a correr e, ajoelhando-se, perguntou: “Bom mestre, que devo fazer para alcançar a vida eterna?”. Jesus disse-lhe: “Por que me chamas bom? Ninguém é bom, senão só Deus. Sabes os mandamentos: não matarás, não adulterarás, não roubarás, não levantarás falso testemunho, não defraudarás, honrarás teu pai e tua mãe”. Ele respondeu-lhe: “Mestre, tenho guardado tudo isto desde a minha juventude”. Jesus, fitando nele o olhar, sentiu afeição por ele, e respondeu-lhe: “Falta-te apenas uma coisa: vai, vende tudo o que tens, dá o dinheiro aos pobres e terás um tesouro no Céu; depois, vem e segue-me!”. Mas, ao ouvir tais palavras, anuviou-se-lhe o semblante e retirou-se pesaroso, pois tinha grande fortuna» (Mc 10, 17-22).


Esta narração exprime de maneira eficaz a grande atenção de Jesus pelos jovens, por vós, pelas vossas expectativas, pelas vossas esperanças, e mostra como é grande o seu desejo de vos encontrar pessoalmente e entrar em diálogo com cada um de vós. Com efeito, Cristo interrompe o seu caminho para responder ao pedido do seu interlocutor, manifestando plena disponibilidade àquele jovem, que é impelido por um ardente desejo de falar com o «Bom Mestre», para aprender dele a percorrer o caminho da vida. Com este trecho evangélico, o meu Predecessor queria exortar cada um de vós a «desenvolver o próprio diálogo com Cristo – um diálogo que é de importância fundamental e essencial para um jovem» (Carta aos jovens, n. 2).


2. Jesus fitou-o e sentiu afeição por ele

Na narração evangélica, São Marcos sublinha como «Jesus, fitando nele o olhar, sentiu afeição por ele» (Mc 10, 21). No olhar do Senhor, está o coração deste encontro muito especial e de toda a experiência cristã. Com efeito, o cristianismo não é primariamente uma moral, mas experiência de Jesus Cristo, que nos ama pessoalmente, jovens ou idosos, pobres ou ricos; ama-nos mesmo quando lhe voltamos as costas.


Comentando a cena, o Papa João Paulo II acrescentava, dirigindo-se a vós, jovens: «Faço votos por que experimenteis um olhar assim! Faço votos por que experimenteis a verdade de que Ele, Cristo, vos fixa com amor» (Carta aos jovens, n. 7). Um amor, que se manifestou na Cruz de maneira tão plena e total, que São Paulo escreve maravilhado: «Amou-me e entregou-se por mim» (Gl 2, 20). «A consciência de que o Pai nos amou desde sempre no seu Filho, de que Cristo ama cada um e sempre – escreve ainda o Papa João Paulo II – torna-se um ponto de apoio firme para toda a nossa existência humana» (Carta aos jovens, n. 7) e permite-nos superar todas as provas: a descoberta dos nossos pecados, o sofrimento, o desânimo.


Neste amor, encontra-se a fonte de toda a vida cristã e a razão fundamental da evangelização: se verdadeiramente encontrámos Jesus, não podemos deixar de o testemunhar àqueles que ainda não se cruzaram com o seu olhar.


3. A descoberta do projeto de vida

No jovem do Evangelho, podemos vislumbrar uma condição muito semelhante à de cada um de vós. Também vós sois ricos de qualidades, energias, sonhos, esperanças: recursos que possuís em abundância! A vossa própria idade constitui uma grande riqueza não apenas para vós, mas também para os outros, para a Igreja e para o mundo.


O jovem rico pergunta a Jesus: «Que devo fazer?» A estação da vida em que vos encontrais é tempo de descoberta: dos dons que Deus vos concedeu e das vossas responsabilidades. É, igualmente, tempo de opções fundamentais para construir o vosso projecto de vida. Por outras palavras, é o momento de vos interrogardes sobre o sentido autêntico da existência, perguntando a vós mesmos: «Estou satisfeito com a minha vida? Ou falta-me ainda qualquer coisa»?


Como o jovem do Evangelho, talvez vós vivais também situações de instabilidade, de perturbação ou de sofrimento, que vos levam a aspirar a uma vida não medíocre e a perguntar-vos: em que consiste uma vida bem sucedida? Que devo fazer? Qual poderia ser o meu projecto de vida? «Que devo fazer a fim de que a minha vida tenha pleno valor e pleno sentido?» (Ibid., n. 3).



Não tenhais medo de enfrentar estas perguntas! Longe de vos acabrunhar, elas exprimem as grandes aspirações, que estão presentes no vosso coração. Portanto, devem ser ouvidas. Esperam respostas não superficiais, mas capazes de satisfazer as vossas autênticas expectativas de vida e felicidade.



Para descobrir o projecto de vida que vos pode tornar plenamente felizes, colocai-vos à escuta de Deus, que tem um desígnio de amor sobre cada um de vós. Com confiança, perguntai-lhe: «Senhor, qual é o teu desígnio de Criador e Pai sobre a minha vida? Qual é a tua vontade? Desejo cumpri-la». Estai certos de que vos responderá. Não tenhais medo da sua resposta! «Deus é maior que os nossos corações e conhece tudo» (1 Jo 3, 20)!



4. Vem e segue-me!

 
Jesus convida o jovem rico a ir mais além da satisfação das suas aspirações e dos seus projectos pessoais, dizendo-lhe: «Vem e segue-me!». A vocação cristã deriva de uma proposta de amor do Senhor e só pode realizar-se graças a uma resposta de amor: «Jesus convida os seus discípulos ao dom total da sua vida, sem cálculos nem vantagens humanas, com uma confiança sem reservas em Deus. Os santos acolhem este convite exigente e, com docilidade humilde, põe-se a seguir Cristo crucificado e ressuscitado. A sua perfeição na lógica da fé, às vezes humanamente incompreensível, consiste em nunca se colocarem a si mesmos no centro, mas decidirem ir contra a corrente, vivendo segundo o Evangelho» (Bento XVI, «Homilia por ocasião das canonizações», in L'Osservatore Romano, 12-13/X/2009, pág. 6).


A exemplo de muitos discípulos de Cristo, acolhei também vós, queridos amigos, com alegria o convite a seguir Jesus, para viverdes intensa e fecundamente neste mundo. Com efeito, mediante o Baptismo, Ele chama cada um a segui-lo com acções concretas, a amá-lo sobre todas as coisas e a servi-lo nos irmãos. Infelizmente, o jovem rico não acolheu o convite de Jesus e retirou-se pesaroso. Não encontrara coragem para se desapegar dos bens materiais a fim de possuir o bem maior proposto por Jesus.


A tristeza do jovem rico do Evangelho é aquela que nasce no coração de cada um, quando não tem a coragem de seguir Cristo, de fazer a escolha justa. Mas nunca é tarde demais para lhe responder!


Jesus nunca se cansa de estender o seu olhar de amor sobre nós, chamando-nos a ser seus discípulos; a alguns, porém, Ele propõe uma opção mais radical. Neste Ano Sacerdotal, gostaria de exortar os jovens e adolescentes a estarem atentos para ver se o Senhor os convida a um dom maior, no caminho do sacerdócio ministerial, e a tornarem-se disponíveis para acolher com generosidade e entusiasmo este sinal de predilecção especial, empreendendo, com a ajuda de um sacerdote, do director espiritual, o necessário caminho de discernimento. Depois, não tenhais medo, queridos jovens e queridas jovens, se o Senhor vos chamar à vida religiosa, monástica, missionária ou de especial consagração: Ele sabe dar alegria profunda a quem responde com coragem.


E, a quantos sentem a vocação ao matrimónio, convido a acolhê-la com fé, comprometendo-se a lançar bases sólidas para viver um amor grande, fiel e aberto ao dom da vida, que é riqueza e graça para a sociedade e para a Igreja.


5. Orientados para a vida eterna


«Que devo fazer para alcançar a vida eterna?»: esta pergunta do jovem do Evangelho parece distante das preocupações de muitos jovens contemporâneos; porventura, como observava o meu Predecessor, «não somos nós a geração cujo horizonte da existência está completamente preenchido pelo mundo e pelo progresso temporal?» (Carta aos jovens, n. 5). Mas a questão acerca da «vida eterna» impõe-se em momentos particularmente dolorosos da existência, como quando sofremos a perda de uma pessoa querida ou experimentamos o insucesso.


Mas o que é a «vida eterna», de que fala o jovem rico? Jesus no-lo explica quando, dirigindo-se aos seus discípulos, afirma: «Hei-de ver-vos de novo; e o vosso coração alegrar-se-á e ninguém vos poderá tirar a vossa alegria» (Jo 16, 22). São palavras que indicam uma proposta sublime de felicidade sem fim: a alegria de sermos cumulados pelo amor divino para sempre.


O interrogar-se sobre o futuro definitivo que nos espera dá sentido pleno à existência, porque orienta o projecto de vida não para horizontes limitados e passageiros mas amplos e profundos, que levam a amar o mundo, tão amado pelo próprio Deus, a dedicar-se ao seu desenvolvimento, mas sempre com a liberdade e a alegria que nascem da fé e da esperança. São horizontes que nos ajudam a não absolutizar as realidades terrenas, sentindo que Deus nos prepara um bem maior, e a repetir com Santo Agostinho: «Desejemos juntos a pátria celeste, suspiremos pela pátria celeste, sintamo-nos peregrinos aqui na terra» (Comentário ao Evangelho de São João, Homilia 35, 9). Com o olhar fixo na vida eterna, o Beato Pier Giorgio Frassati – falecido em 1925, com a idade de 24 anos – dizia: «Quero viver; não ir vivendo!» e, numa fotografia a escalar uma montanha que enviou a um amigo, escrevera: «Rumo ao alto!», aludindo à perfeição cristã mas também à vida eterna.


Queridos jovens, exorto-vos a não esquecer esta perspectiva no vosso projecto de vida: somos chamados à eternidade. Deus criou-nos para estar com Ele, para sempre. Aquela ajudar-vos-á a dar um sentido pleno às vossas decisões e a dar qualidade à vossa existência.



6. Os mandamentos, caminho do amor autêntico

 
Jesus recorda ao jovem rico os dez mandamentos como condições necessárias para «alcançar a vida eterna». Constituem pontos de referência essenciais para viver no amor, para distinguir claramente o bem do mal e construir um projecto de vida sólido e duradouro. Também a vós, Jesus pergunta se conheceis os mandamentos, preocupando-vos em formar a vossa consciência segundo a lei divina, e se os pondes em prática.


Sem dúvida, trata-se de perguntas contra a corrente em relação à mentalidade contemporânea, que propõe uma liberdade desligada de valores, de regras, de normas objectivas, e convida a não colocar limites aos desejos do momento. Mas este tipo de proposta, em vez de conduzir à verdadeira liberdade, leva o homem a tornar-se escravo de si mesmo, dos seus desejos imediatos, de ídolos como o poder, o dinheiro, o prazer desenfreado e as seduções do mundo, tornando-o incapaz de seguir a sua vocação natural ao amor.


 
Deus dá-nos os mandamentos, porque nos quer educar para a verdadeira liberdade, porque quer construir connosco um Reino de amor, de justiça e de paz. Ouvi-los e pô-los em prática não significa alienar-se, mas encontrar o caminho da liberdade e do amor autênticos, porque os mandamentos não limitam a felicidade, mas indicam o modo como encontrá-la. No início do diálogo com o jovem rico, Jesus recorda que a lei dada por Deus é boa, porque «Deus é bom».


7. Temos necessidade de vós


Quem vive hoje a condição juvenil encontra-se a enfrentar muitos problemas resultantes do desemprego, da falta de referências ideais certas e de perspectivas concretas para o futuro. Às vezes pode-se ficar com a impressão de impotência diante das crises e derivas actuais. Apesar das dificuldades, não vos deixeis desencorajar nem renuncieis aos vossos sonhos! Pelo contrário, cultivai no coração desejos grandes de fraternidade, de justiça e de paz. O futuro está nas mãos de quem souber procurar e encontrar razões fortes de vida e de esperança. Se quiserdes, o futuro está nas vossas mãos, porque os dons e as riquezas que o Senhor guardou no coração de cada um de vós, plasmados pelo encontro com Cristo, podem dar esperança autêntica ao mundo! É a fé no seu amor que, tornando-vos fortes e generosos, vos dará a coragem de enfrentar com serenidade o caminho da vida e assumir as responsabilidades familiares e profissionais. Comprometei-vos a construir o vosso futuro através de percursos sérios de formação pessoal e de estudo, para servir o bem comum de maneira competente e generosa.


Na recente Carta Encíclica sobre o desenvolvimento humano integral, Caritas in veritate, enumerei alguns dos grandes desafios actuais que são urgentes e essenciais para a vida deste mundo: a utilização dos recursos da terra e o respeito pela ecologia, a justa repartição dos bens e o controle dos mecanismos financeiros, a solidariedade com os países pobres no âmbito da família humana, a luta contra a fome no mundo, a promoção da dignidade do trabalho humano, o serviço à cultura da vida, a construção da paz entre os povos, o diálogo inter-religioso, o bom uso dos meios de comunicação social.


São desafios a que sois chamados a responder para construir um mundo mais justo e fraterno. São desafios que requerem um projecto de vida exigente e apaixonante, no qual investir toda a vossa riqueza, segundo o desígnio que Deus tem para cada um de vós. Não se trata de realizar gestos heróicos ou extraordinários, mas de agir fazendo frutificar os próprios talentos e possibilidades, comprometendo-se a progredir constantemente na fé e no amor.


Neste Ano Sacerdotal, convido-vos a conhecer a vida dos santos, em particular a dos santos sacerdotes. Vereis que Deus os guiou, tendo encontrado o seu caminho dia após dia precisamente na fé, na esperança e no amor. Cristo chama cada um de vós a comprometer-se com Ele e a assumir as próprias responsabilidades para construir a civilização do amor. Se seguirdes a sua Palavra, também o vosso caminho se iluminará e vos conduzirá rumo a metas elevadas, que dão alegria e sentido pleno à vida.



Que a Virgem Maria, Mãe da Igreja, vos acompanhe com a sua protecção. Asseguro-vos uma lembrança particular na minha oração e, com grande afecto, vos abençoo.


Vaticano, 22 de Fevereiro de 2010

BENEDICTUS PP. XVI

10.2.10

Carta do Cardeal Dom Cláudio Hummes Prefeito da Congregação para o Clero aos sacerdotes

Carta do Cardeal Dom Cláudio Hummes Prefeito da Congregação para o Clero aos sacerdotes


Caros Sacerdotes,

O Ano Sacerdotal, anunciado por nosso amado Papa Bento XVI, para celebrar o 150º aniversário da morte de S. João Maria Vianney, o Santo Cura D’Ars, está às portas. O Santo Padre o abrirá a 19 de junho p.f., festa do Sagrado Coração de Jesus e Dia Mundial de oração pela santificação dos sacerdotes. O anúncio deste ano especial teve uma repercussão mundial positiva, especialmente entre os próprios sacerdotes. Todos queremos empenhar-nos com determinação, profundidade e fervor, a fim de que seja um ano amplamente celebrado em todo o mundo, nas dioceses, nas paróquias, em cada comunidade local, com envolvimento caloroso do nosso povo católico, que sem dúvida ama seus padres e os quer ver felizes, santos e alegres no trabalho apostólico quotidiano.


 
Deverá ser um ano positivo e propositivo, em que a Igreja quer dizer antes de tudo aos sacerdotes, mas também a todos os cristãos, à sociedade mundial, através dos meios de comunicação global, que ela se orgulha de seus sacerdotes, os ama, os venera, os admira e reconhece com gratidão seu trabalho pastoral e seu testemunho de vida. Realmente, os sacerdotes são importantes não só pelo que fazem, mas também pelo que são. Ao mesmo tempo, é verdade que alguns deles apareceram envolvidos em problemas graves e situações delituosas. Obviamente, é preciso continuar a investigá-los, julgá-los devidamente e puni-los. Estes casos, contudo, dizem respeito somente a uma porcentagem muito pequena do clero. Na sua imensa maioria, os sacerdotes são pessoas muito dignas, dedicadas ao ministério, homens de oração e de caridade pastoral, que investem toda sua vida na realização de sua vocação e missão, muitas vezes com grandes sacrifícios pessoais, mas sempre com amor autêntico a Jesus Cristo, à Igreja e ao povo, solidários com os pobres e os sofridos. Por isso, a Igreja está orgulhosa de seus sacerdotes em todo o mundo.


 
Este ano seja também ocasião para um período de intenso aprofundamento da identidade sacerdotal, da teologia do sacerdócio católico e do sentido extraordinário da vocação e da missão dos sacerdotes na Igreja e na sociedade. Isso exigirá congressos de estudo, jornadas de reflexão, exercícios espirituais específicos, conferências e semanas teológicas em nossa faculdades eclesiásticas, pesquisas científicas e respectivas publicações.


 
O Santo Padre, em seu discurso de anúncio, durante a Assembléia Plenária da Congregação para o Clero, a 16 de março p.p., disse que com este ano especial pretende-se “favorecer esta tensão dos sacerdotes para a perfeição espiritual da qual sobretudo depende a eficácia do seu ministério”. Por esta razão, deve ser, de modo muito especial, um ano de oração dos sacerdotes, com eles e por eles, um ano de renovação da espiritualidade do presbitério e de cada presbítero. A adoração eucarística pela santificação dos sacerdotes e a maternidade espiritual de monjas, de religiosas consagradas e de leigas referente a sacerdotes , como já proposto, tempos atrás, pela Congregação para o Clero, poderiam ser desenvolvidas com frutos reais de santificação.


 
Seja um ano em que se examinem de novo as condições concretas e a sustentação material em que vivem nossos sacerdotes, às vezes submetidos a situações de dura pobreza.


 
Seja, ao mesmo tempo, um ano de celebrações religiosas e públicas, que levem o povo, as comunidades católicas locais, a rezar, a meditar, a festejar e a prestar uma justa homenagem a seus sacerdotes. A festa na comunidade eclesial constitui uma expressão muito cordial, que exprime e nutre a alegria cristã, uma alegria que brota da certeza de que Deus nos ama e festeja conosco. Será uma oportunidade para desenvolver a comunhão e a amizade dos sacerdotes com a comunidade que lhes foi confiada.


 
Muitos outros aspectos e iniciativas poderiam ser nomeados para enriquecer o Ano Sacerdotal. Aqui deverá entrar a justa creatividade das Igrejas locais. Por esta razão, convem que cada Conferência Episcopal, cada diocese, cada paróquia e comunidade local estabeleçam, quanto antes, um verdadeiro e próprio programa para este ano especial. Obviamente, será muito importante começar o ano com um evento significativo. No próprio dia da abertura do Ano Sacerdotal em Roma com o Santo Padre, 19 de junho, as Igrejas locais são convidadas a participar, de algum modo, quiçá com um ato litúrgico específico e festivo. Os que puderem vir a Roma para a abertura, venham para manifestar assim a própria participação nesta feliz iniciativa do Papa. Deus, sem dúvida, abençoará este empenho com grande amor. E a Santíssima Virgem Maria, Rainha do Clero, intercederá por todos vós, caros sacerdotes!

Cardeal Dom Cláudio Hummes
Arcebispo Emérito de São Paulo
Prefeito da Congregação para o Clero

3.10.09

Introdução sobre o Rito da Santa Missa Tridentina

A Santa Missa no Rito Tridentino


A Missa Tridentina, também chamada Missa Tradicional ou Missa de São Pio V é celebrada de acordo com as rubricas do Missal Romano tal como foi promulgado em 05 de dezembro de 1570 por S. Pio V, em cumprimento do mandato que recebera do Concílio de Trento e utilizado por toda a Igreja Católica do Rito Romano em todos os tempos, até à reforma litúrgica do Concílio Vaticano II, progulmou um Novus Ordus, modificando substancialmente a estrutura e a forma de rezá-la, como por exemplo o altar versus populos, onde o sacerdote fica de frente para os fiéis e a adoção da língua vernácula, conforme cada nação. A Missa Tridentina é denominada por alguns como a "missa de sempre", em razão de o rito referir-se aos primórdios do cristianismo (tal como relatado no séc. II por S. Justino Mártir).


A estrutura, os momentos e seu significado e grande parte dos textos litúrgicos mantiveram-se com poucas alterações no Missal atual. No entanto, houve uma série de aspectos alterados. Esta seção versa apenas sobre as diferenças da missa tridentina em relação à missa atual. Para uma descrição dos vários momentos da Missa e do seu significado, consulte o artigo Missa


As características mais visíveis da missa tridentina são o uso do latim como língua litúrgica assim como a posição do sacerdote, aparentemente de costas para os fiéis. No entanto, essas diferenças, embora as mais visíveis, são na verdade circunstanciais.


De fato, a missa tridentina admite, teoricamente, a tradução dos textos. Porém, nela persiste o uso do latim por ser um idioma que está "morto", ou seja, não é mais usado e, portanto, não sofre alterações, o que preservaria a Missa de erros litúrgicos e doutrinais a que as palavras das chamadas "línguas vernáculas" estão sujeitas com sua constante evolução semântica e ortográfica. Situação idêntica ocorre nas chamadas "liturgias orientais", onde em vários casos também podem ser usadas outras "línguas mortas": aramaico no rito siríaco, copta no rito alexandrino, eslavo ou grego arcaicos no rito bizantino, entre outros.




Já a posição "de costas ao povo" é mais corretamente definida como "ad Orientem", ou seja, para o leste, direção da Terra Santa, onde Jesus foi crucificado. Na Missa Tridentina, esta posição é também conhecida como "versus Deum", já que nesta Missa o padre fica voltado para Deus Filho (guardado no Sacrário sob as espécies consagradas, segundo a crença católica). O padre assume, assim, postura idêntica à do povo, dirigindo as orações da Missa a Deus. Salvo algumas exceções (como a da atual missa latina), os sacerdotes de praticamente todos os ritos católicos e ortodoxos adotam até hoje a posição "ad Orientem" durante a Missa.



Por outro lado, todas as edições do Missal atual são feitas originalmente em latim, e a missa pode sempre ser celebrada nessa língua. Do mesmo modo, nada proíbe que seja celebrada de costas para o povo, o que acontece sempre que, por exemplo, numa igreja o altar não permite que seja doutra forma.No entanto, abstraindo destes elementos, há outras diferenças significativas entre a missa tridentina e a actual.


Na Missa tridentina só o sacerdote e um acólito, sacristão ou ajudante proferiam os textos da missa, excepto nalguns lugares, em que todos os fiéis presentes proferiam os textos destinados ao ajudante. Tal prática, a das chamadas missas dialogadas, popularizou-se mais no séc. XX, graças às propostas do chamado Movimento Litúrgico, que propunha o enriquecimento da participação litúrgica. Os assistentes da missa tridentina muitas vezes acompanham a cerimónia através dum livro que apresenta os textos litúrgicos com a respectiva tradução.

Ritos iniciais

A Missa tridentina começa com as orações ao pé do altar, rezadas nos degraus, antes da subida ao altar. São compostas pelo salmo 42 acompanhado pela antífona Introibo ad altare Dei. Após um versículo, o Confiteor (Confissão) é rezado duas vezes, primeiro pelo sacerdote, depois pelo ajudante, com as respectivas orações de absolvição. Após o responsório, o sacerdote sobe então ao altar e beija-o, proferindo outras duas orações.

No Kyrie, cada invocação é proferida três vezes, e não apenas duas, como na missa atual.
No Glória a Deus nas alturas prevêem-se alguns gestos tais como inclinações e o sinal da cruz ao proferir certas palavras. Depois de mais uma saudação Dominus vobiscum (O Senhor esteja convosco), o sacerdote profere uma ou várias orações colectas, enquanto que actualmente é sempre apenas uma.



Liturgia da Palavra
A Missa tridentina propõe na maioria das vezes apenas uma leitura antes do Evangelho, geralmente tirada do Novo Testamento, enquanto que o rito atual propõe duas leituras aos domingos e solenidades. Segue-se o chamado Gradual, composto por um refrão e um versículo, substituído atualmente pelo Salmo Responsorial. Tal como hoje, antes do Evangelho era dito o aleluia ou outro texto. No Credo prevêem-se alguns gestos agora abandonados, como no Glória. Não existe a oração dos fiéis.

Ofertório



O ofertório é a parte da missa tridentina que apresenta maiores diferenças em relação à prática actual. Na apresentação do pão e do vinho são ditas fórmulas que expressam oferecimento já em sentido sacrificial, substituídas actualmente por outras que exprimem a simples apresentação. A reforma litúrgica de Paulo VI optou por eliminar as anteriores justificando que antecipavam a idéia de sacrifício própria do Cânon.


Duas outras orações invocam o Espírito Santo e recordam os mistérios da salvação assim como alguns santos. Foram eliminadas por Paulo VI pelas mesmas razões das anteriores. O rito do Lavabo é acompanhado por uma longa secção do salmo 25, enquanto que actualmente é-o apenas por um versículo do salmo 50. A incensação, quando realizada( na missa cantada ou solene), prevê uma série de textos a serem proferidos antes durante e depois, enquanto que actualmente é realizada em silêncio. O prefácio prevê alguns gestos específicos a realizar durante o diálogo que o precede.


Cânon (Oração Eucarística)



A missa tridentina apresenta uma única Oração Eucarística, o chamado Cânon Romano, que foi o único utilizado durante séculos. O Missal de 1970 apresenta, além desta, outras três Orações Eucarísticas, retiradas da Tradição ou inspiradas noutras liturgias católicas. Na missa tridentina esta parte é usualmente dita pelo sacerdote em voz baixa. O texto é o mesmo que se usa actualmente, mas com algumas diferenças em relação aos gestos que o acompanham: o sacerdote beija o altar por duas vezes faz ao todo 25 sinais da cruz com a mão ou com a patena (reduzidos a 1 por Paulo VI) após a consagração o sacerdote não separa os dedos polegar e indicador, que seguraram a hóstia na consagração genuflecte duas vezes à hóstia e duas ao cálice, uma antes e outra depois da elevação Além disso, diz sempre todos os nomes dos santos e todas as conclusões Per Christum Dominum nostrum. Amen que se inserem no Cânon (actualmente alguns dos nomes e das conclusões tornaram-se facultativas).


As palavras da consagração da hóstia são apenas Hoc est enim Corpus meum (Isto é o meu Corpo) Na consagração do vinho, as palavras Mysterium fidei (Mistério da fé), que hoje são ditas no final da consagração para introduzir a aclamação dos fiéis, são introduzidas na fórmula de consagração, no meio das palavras de Cristo.


Ritos de Comunhão

O Pai-nosso é dito apenas pelo sacerdote, e o ajudante diz apenas a última frase. Durante a fórmula que se lhe segue, o sacerdote benze-se e beija a patena e parte a hóstia em três partes, benzendo o cálice com a mais pequena, que depois deita no cálice. A oração pela paz (Domine Iesu Christe) é dita em silêncio pelo sacerdote, seguindo-se-lhe outras duas fórmulas longas de preparação para a comunhão, e comunga, proferindo em silêncio mais algumas fórmulas. A comunhão dos fiéis não está propriamente prevista no texto do missal mas, a fazer-se na missa, os fiéis recitam a Confissão, o sacerdote diz a absolvição respectiva e mostra-lhes a hóstia dizendo Ecce Agnus Dei... (Eis o Cordeiro de Deus...).

A comunhão dos fiéis na missa tridentina é feita sempre na boca e de joelhos, geralmente junto da balaustrada ou grade que separa os presbitério da assembleia. A fórmula dita pelo sacerdote é mais longa que a actual e dita em silêncio fazendo um sinal da cruz com a hóstia. Segue-se a purificação dos vasos sagrados e das mãos do sacerdote, acompanhadas de mais algumas orações.



Ritos Finais

Após a última oração, o sacerdote despede a assembleia dizendo Ite, missa est (Ide, a missa acabou). Só então tem lugar a bênção, precedida duma oração à Santíssima Trindade. Por fim, lê-se em todas as missas o início do Evangelho de São João. Apesar de não virem assinaladas no missal, têm lugar, antes da saída para a sacristia, as chamadas preces leoninas (por terem sido prescritas pelo Papa Leão XIII) e 3 Avé Marias.


Referências : COELHO, António, Curso de Liturgia Romana, Negrelos: Ora & Labora, 1950.
JUNGMANN, Josef A., El Sacrificio de la Misa. Tratado historico-liturgico., Madrid: BAC, 1951 (Tradução da obra alemã Missarum Solemnia, onde pode ser encontrada a história pormenorizada de cada um dos momentos da missa)

O VALOR DA SANTA MISSA

Eis um breve relato de algumas visões do padre Reus, com relação à maravilhosa realidade sobrenatural da Santa Missa. Falecido em odor de santidade, teve este sacerdote, a graça de ver o que acontece de sobrenatural durante a Santa Missa, a qual, por razão, costumava chamar de "A FESTA NO CÉU". Eis, pois, o que lhe dera dado ver: "Nossa Senhora convida todo o Paraíso para participar da Santa Missa; e todos os anjos e santos A seguem em maravilhoso cortejo até o altar. Os Santos formam um semi-círculo ao redor do sacerdote celebrante e o acompanham até o altar. Lá chegando, estes se colocam atrás dos santos. Outra multidão de anjos cerca a igreja e cobre os fiéis, impedindo a aproximação dos demônios durante a Santa Missa, em honra à majestade de Nosso Senhor Jesus Cristo.

A virgem Santíssima está sempre junto do celebrante, do lado do altar onde é servida a água e o vinho, e onde são lavadas as mãos do sacerdorte. É a própria Mãe de Jesus quem serve o celebrante e lava suas mãos. Entre Nossa Senhora e o celebrante, é convidado o santo do dia. Todas as almas do Purgatório também são convidadas pela Virgem Maria e permanecem durante toda a Santa Missa aos pés do altar, entre o celebrante e os fiéis. Conta o Padre Réus que ele via as almas do Purgatório e verdadeira festa quando grande esperança de libertação. Padre Réus via uma chuva caindo sobre o Purgatório durante toda a Santa Missa.

No momento sublime da consagração, quando estas almas vêem Nosso Senhor Jesus Cristo em Corpo, Sangue, Alma e Divindade, sentem um desejo incontrolável de sair daqueles chamas e se atirarem em Seus braços, mas não conseguem, por não estarem ainda purificadas. Após a Consagração, acontece a libertação do Purgatório, das almas que já atingiram a purificação. Nossa Senhora estende a mão a cada uma delas e diz: "Minha filha, pode subir ".

No momento da oração da PAZ, os anjos saúdam as almas libertadas do Purgatório, abraçando-as. É um momento de imensa alegria e beleza. Em seguida, estas almas, resplandecendo com a beleza indescritível, adornadas como noivas, como anjos, são intoduzidas triunfalmente no Paraíso, por uma multidão de anjos, ao som de música e cantos celestias. Na hora da morte, as Missas que houveres assistido serão a tua maior consolação. Toda Missa implora o teu perdão junto da justiça Divina. Em toda Missa podes diminuir a pena temporal devida aos teus pecados e diminuí-las mais ou menos consoante a teu fervor.

Assistindo com devoção à Missa, prestas a maior das honra à santa humanidade de Jesus Cristo.
Ele se compadece de muitas das tuas negligências e omissões.
Perdoa-te os pecados veniais não confessados, dos quais porém te arrependestes.
Diminui o império de satanás sobre ti.
Sufraga as almas do Purgatório da melhor maneira possível.
Uma só Missa a que houveres assistido em vida, ser-te-á mais salutar que muitas a que outros assistirão por ti depois da tua morte, pois pela Missa participas da Paixão, Morte e Ressureição de Cristo.
A Missa preserva-te dee muitos perigos e desgraças que te abateriam.
Toda Missa diminui o teu Purgatório.
Toda alcança-te um grau maior no Céu.
Na Missa recebes a benção do sacerdote, a qual Nosso Senhor confrma no Céu.
És abençoado em seus negócios e interesses pessoais.
"Fica sabendo, ó cristão, que mais se merecem em ouvir devotamente uma só Santa Missa do destribuir todas as riquezas aos pobres e perigrinar toda a terra."(São Bernardo)
(Nosso Senhor nos concede o que lhe pedimos na Santa Missa: e o que mais vale é que nos dá ainda o que nem se quer cogitamos perdir-lhe e que, entretanto, nos é necessário."(São Jerônimo)
"Se conhecêssemos o valor do Santo Sacrifício da Missa, que zêlo não teríamos em assistir a ela!"(Crua d'Ars)
"A Missa é o sol da Igreja."(São Francisco Salles)
Entrevista com Dom Fernando Arêas Rifan

Missa antiga: paz litúrgica e benefício para ambos ritos
Por Alexandre Ribeiro - SÃO PAULO, terça-feira, 19 de maio de 2009 (ZENIT.org).
O bispo da Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney (Campos, Brasil), Dom Fernando Arêas Rifan, considera que a permissão universal de Bento XVI para se celebrar a missa antiga (chamada também de missa tridentina) promove a paz litúrgica e beneficia tanto tradicionalistas como progressistas.

A Adminstração Apostólica São João Maria Vianney foi criada por João Paulo II em 2002. É uma diocese de caráter pessoal, não territorial, fundada após diálogo com fiéis tradicionalistas que eram numerosos na região.

Nesta entrevista a Zenit, Dom Fernando Rifan fala sobre o caráter sagrado da liturgia.
–Poderia explicar a diferença entre os termos “sagrado” e “profano”?

–Dom Fernando Arêas Rifan: Um dos motivos pelos quais nós conservamos e amamos a liturgia romana na sua forma antiga –que é chamada atualmente de forma extraordinária do rito romano–, é exatamente porque ela expressa bem o caráter sagrado da liturgia. Não que a outra não expresse, mas esta expressa de modo mais claro. Como, aliás, acontece com a diferença entre os vários ritos. Participei recentemente, ao lado de outros bispos, da Missa no rito maronita. O que os bispos mais admiraram foi o respeito e o caráter sagrado que se expressa naquele rito oriental. São modos de expressar a sacralidade, podemos dizer, o caráter vertical da liturgia, de nós para Deus, e não apenas o horizontal, que seria de homem para homem.

A liturgia é algo sagrado. Portanto, algo que nos fala de Deus. É interessante que qualquer pessoa sabe disso. Uma das coisas mais tocantes da história do Brasil foi aquela passagem da carta de Pero Vaz de Caminha, quando ele narra a primeira missa no Brasil. Ele conta que os portugueses chegaram, os padres formaram o altar, prepararam o órgão e começou a missa. Os índios foram chegando e começaram a imitar os gestos dos portugueses. Um detalhe interessante é que durante a missa chegou um outro grupo de índios. Um índio do primeiro grupo, que já estava ali, quando certamente interrogado por um índio do segundo grupo sobre o que estava acontecendo, apontou para a missa e apontou para o céu. Para mim este é o melhor comentário sobre a missa. Apontou para a missa e apontou para o céu: quer dizer, está-se passando a comunicação da terra com o céu. Está-se fazendo uma coisa sagrada. Esse caráter sagrado é que a gente não pode deixar perder na liturgia.
–Poderia dar exemplos de como se expressa o caráter sagrado?

–Dom Fernando Arêas Rifan: O latim, por exemplo, que nós conservamos na liturgia, mas não em tudo, já que as leituras e os cânticos são em português. O latim que se conserva na liturgia é exatamente para preservar o caráter sagrado, para que todo mundo sinta que ali se passa algo que não é comum no dia-a-dia. É algo diferente. Por isso que a língua é sagrada. Aliás, nas grandes religiões também se usa uma língua diferente. No rito maronita, por exemplo, a consagração é em aramaico. Não é a mesma língua que você fala. Até em outras religiões há uma língua sagrada. Não é a língua comum. Então a liturgia nessas religiões tem uma outra língua. Mesmo o Hino Nacional brasileiro não é no linguajar que se usa a cada dia. Mostra que ali há algo sagrado, é o hino da pátria. Não se precisa entender cada palavra. Precisa entender que é algo sagrado que acontece.
A língua, os gestos, as inclinações, as genuflexões, os símbolos, os panos, as toalhas, tudo tem de exprimir um caráter sagrado. Você não usa uma toalha qualquer. É uma toalha diferente. O espaço celebrativo é diferente. Os cânticos são diferentes. Então não se pode usar aquilo que é comum, profano. A não ser que seja santificado, digamos. O pão, por exemplo, você come; mas o pão eucarístico é diferente. É por isso, por exemplo, que existe o ofertório: a retirada de algo do uso comum que se coloca para uso litúrgico. Assim também com a bênção. Você consagra algo para uso mais sagrado. As vestes sacerdotais, o modo de falar. Outro exemplo: o sermão não é um discurso político, não é para ficar contando piada, não é algo reles. Você está ali para ouvir a palavra de Deus. O “terra a terra” você já ouve toda hora. Para que você precisa disso na Igreja?

–O que o senhor chama de “terra a terra” tem a ver com o termo “profano”?

–Dom Fernando Arêas Rifan: “Profano” vem do latim “pro fanum”, em frente ao templo, fora do templo, não sagrado. Por exemplo, a Igreja diz que o instrumento por excelência a ser usado na liturgia é o órgão de tubos. Ele tem um som que o nosso subconsciente já se acostumou como algo sagrado. A Igreja põe como modelo do canto religioso o canto gregoriano. Porque é um canto em que predomina a oração cantada. A oração de melodia com pouca coisa de harmonia e quase nada de ritmo. Nas músicas modernas, por exemplo, bem profanas, tem-se a predominância do ritmo sobre a melodia e sobre a harmonia. Isso já mostra o caráter profano da música. Ela pode ser boa em outro lugar. É como dizia o próprio cardeal Ratzinger: há muita gente que confunde a igreja com o salão paroquial. Há coisas que você pode fazer no salão paroquial, mas não na igreja. Eu, por exemplo, toco acordeão. Toco música popular. Mas não na igreja. Eu toco no salão paroquial, com as crianças, na quermesse, onde as crianças tocam pandeiro, tamborim. Na igreja é o órgão. É preciso que se ressalte bem o caráter religioso, sagrado, ou seja, a sacralidade na Igreja. Na liturgia há os tempos de silêncio, porque o silêncio é algo bem respeitoso. Na Igreja não se aplaude, como se aplaude em um comício. O silêncio é tão respeitoso que já diz tudo. Não precisa ficar aplaudindo.

Nós preferimos a liturgia tradicional por tudo isso. Mas em qualquer liturgia há que se guardar o caráter religioso, sagrado, e não cair na coisa profana. O próprio Papa João Paulo II lamenta isso na Encíclica Ecclesia de Eucharistia: “às vezes transparece uma compreensão muito redutiva do mistério eucarístico. Despojado do seu valor sacrifical, é vivido como se em nada ultrapassasse o sentido e o valor de um encontro fraterno ao redor da mesa” (n. 10).
Ou, como disse Bento XVI na carta aos bispos apresentando o Motu Próprio Summorum Pontificum, em muitos lugares, não se atendo às prescrições litúrgicas, consideram-se “autorizados ou até obrigados à criatividade, o que levou frequentemente a deformações da Liturgia ao limite do suportável”. Palavra infelizmente verdadeira: liturgia levada ao limite do suportável! E o Papa acrescenta: “Falo por experiência, porque também eu vivi aquele período com todas as suas expectativas e confusões. E vi como foram profundamente feridas, pelas deformações arbitrárias da Liturgia, pessoas que estavam totalmente radicadas na fé da Igreja”.

–Há um renovado interesse pela liturgia tradicional?

–Dom Fernando Arêas Rifan: Muitos padres novos querem aprender a liturgia na forma antiga. Há dois anos eu participei de um congresso em Oxford, na Inglaterra, promovido por grupos locais, para ensinar aos padres a liturgia tradicional. Foi aberto pelo arcebispo de Birminghan. Na missa, ele falou: ‘vocês todos estão aqui para aprender a forma antiga do rito romano. Vocês vão voltar para suas paróquias e celebrar o rito normal, de Paulo VI, mas vão celebrar melhor, porque, aprendendo o rito tradicional, aprenderão mais sacralidade, a rezar com mais devoção, e isso vai ajudá-los’.

O Papa quis isso. Quando ele permitiu a missa tradicional para o mundo todo, na forma extraordinária do rito romano, ele quis exatamente isso: a paz litúrgica, que um beneficiasse o outro. O rito tradicional pode se beneficiar do rito novo na maior participação que este traz; por outro lado, o rito novo vai aprender com o rito antigo a característica de mais sacralidade.

Depois dessa paz litúrgica que o Papa quis entre os dois ritos, para que um beneficie o outro, tem havido muita procura por sacerdotes. Nós mesmos fizemos um DVD para ensinar o rito tradicional. Muitos padres têm aprendido, muitos bispos têm incentivado nas suas dioceses. Acho que isso é muito importante. Conservar a liturgia tradicional como forma de riqueza da Igreja, uma forma litúrgica de expressar os dogmas eucarísticos e o respeito. Não se trata de confronto, de briga, nada disso. É um modo da Igreja, legítimo, aprovado pela Igreja, sem causar nenhum detrimento à comunhão. Evita divisões. O Bispo local patrocinando a Missa no rito tradicional, colocando-a em suas igrejas com sacerdotes regulares e sob sua jurisdição, evita que alguns católicos caiam na tentação de querer ir buscá-la em grupos separados ou cismáticos. O Bispo poderá dizer: “Nós temos aqui, porque ir buscar a Missa no rito romano antigo em outro lugar?”
Fonte: www.zenit.org


Ver também :



Ordinário da Missa Tridentina

http://www.missatridentina.com.br/ordinariomissa.pdf

MISSAL: Livro que contem tudo o que se diz na Missa no decorrer do ano (Ordinário da Missa e Próprio da Missa).ORDINÁRIO DA MISSA: São as orações fixas que se rezam em todas as missas. Reúne o que se diz na Missa comum, para distingui-lo do que é próprio para as festas e demais dias do ano.PRÓPRIO DA MISSA: São as orações e leituras daquele dia em particular. No Próprio de toda missa existem: 3 antífonas (Intróito, Ofertório e Comunhão); 3 orações (Coleta, Secreta e Pós-comunhão); 2 leituras (Epístola e Evangelho).

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Missale Romanum 1962 PDF - Download
Cartão de assistência para servir na Missa Tridentina NOVO
Ordinário da Missa - Download
Ordinário da Missa em Formato de Livreto - Download
Ordinário da Missa em Formato Word - DownloadOrdinário da Missa em Formato PDF formato para ser encadernado - Download

Pontificale Romanum - Download
Liber Usualis 1961 - Download
Rituale Romanum 1925 - Download
Kyriale de Solesmes - Download
Altar Card 1a opção- Download
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Officium Majoris Hebdomadæ Et Octavæ Paschæ - Download

27.9.09

O santo exemplo do Cardeal Fulton Sheen

Cardeal Fulton Sheen

8 de maio, 1895 + 9 de dezembro de 1979

Sua vida

Foi o pioneiro na evangelização de mídia, sendo o primeiro sacerdote apresentador de televisão, no início dos anos 1950. Fulton Sheen nasceu em El Paso, Illinois, sendo o mais velho dos quatro filhos de um fazendeiro. Embora fosse conhecido como Fulton, nome de solteira de sua mãe, ele foi batizado Peter John Sheen. Ainda na infância, Sheen contraiu tuberculose. Depois a família mudou-se para próximo de Peoria, Illinois, o primeiro serviço prestado à Igreja era o de coroinha na Catedral de Saint Mary.


Formação Acadêmica e Sacerdotal


Depois de sua graduação do ensino secundário no High School Spalding Insititute, em Peoria, no ano de 1913, Sheen ingressou no Saint Viator College, em Bourbonnais, Illinois. Já no primeiro ano participou do debates com sua classe. Em dado momento o Reitor chama-o na noite antes de um grande debate com a Universidade de Notre Dame, e lhe disse-le sem rodeios: "Sheen, você é absolutamente o pior orador que já ouvi", o que nâo o abateu.


Sheen participou do Seminário de St. Paul em Minnesota, antes de sua ordenação em 20 de setembro de 1919, seguindo com novos estudos na Universidade Católica da América em Washington, DC. Sheen recebeu o Doutorado em Filosofia pela Universidade Católica de Louvain, na Bélgica, em 1923. Enquanto lá esteve, tornou-se o primeiro americano a ganhar od Cardeal Mercier o prêmio d o melhor tratado filosófico. Sheen, em seguida, ensinou teologia no Saint Edmund College, na cidade de Ware, Inglaterra, em 1926. O bispo de sua cidade natal em Peoria lhe pediu para assumir a paróquia de Saint Patrick. Após oito meses, Sheen voltou à Universidade Católica para lecionar filosofia.

Sua História


Sheen escreveu o primeiro dos 90 livros em 1925, e em 1930 iniciou um programa de rádio semanal domingo à noite, o "A Hora Católica". Sheen serviu como Bispo Auxiliar de Nova York 1951-1965. Em 1951 ele iniciou também um programa semanal de televisão na rede DuMont, com o título " vale a pena viver". O show, programado para as noites de terça-feira às 8:00 não tinha o pretexto nem desafio a concorrer contra os gigantes Milton Berle (12 de julho de 1908 - 27 de março de 2002), comediante, apresentador de TV e compositor americano) e Frank Sinatra, mas seu programa foi um campeão de audiência, valendo a ele, o Bispo Sheen, o prêmio Emmy por seus esforços, o que ele humildemente replicou ao receber o troféu : "Eu sinto que é hora prestar uma homenagem aos meus quatro escritores. Mateus, Marcos, Lucas e João".


Em 2 de outubro de 1979, dois meses antes da morte de Sheen, O Papa joãoJPaulo II ovisitou na Catedral de São Patrício em Nova York e abraçou Sheen, dizendo: "Vossa Eminência tem escrito e falado bem do Senhor Jesus Cristo. Você é um filho da Fiel Igreja. "A Causa de Beatificação de canonização foi aberto oficialmente em 2002, sendo ele Servo de Deus. Reprises de vários programas de Sheen continuam no ar no Eternal Word Television Network (EWTN) e Trinity Broadcasting Network (TBN). Was television's first preacher of note, hosting Life Is Worth Living in the early 1950s on the DuMont Television Network.Sheen was born in El Paso, Illinois, the oldest of four sons of a farmer.Though he was known as Fulton, his mother's maiden name, he was baptized Peter John Sheen.As an infant, Sheen contracted tuberculosis.After the family moved to nearby Peoria, Illinois, Sheen's first role in the Catholic church was as an altar boy at St. Mary's Cathedral.After earning high school valedictorian honors at Spalding Insititute in Peoria in 1913, Sheen was educated at St. Viator College, Bourbonnais, Illinois.Making the debating team in his freshman year, his coach called him aside the night before a major debate with the University of Notre Dame, and told him bluntly: "Sheen, you're absolutely the worst speaker I ever heard."Sheen attended St. Paul's Seminary in Minnesota before his ordination on September 20, 1919, then followed that with further studies at The Catholic University of America in Washington, DC.Sheen earned a doctorate in philosophy at the Catholic University of Louvain in Belgium in 1923.While there, he became the first American ever to win the Cardinal Mercier award for the best philosophical treatise .Sheen then taught theology at St. Edmund's College, Ware in England, In 1926, the Bishop of his hometown in Peoria asked him to take over St. Patrick's Parish.After eight months, Sheen returned to Catholic University to teach philosophy.Sheen wrote the first of some 90 books in 1925, and in 1930 began a weekly Sunday night radio broadcast, The Catholic HourSheen served as Auxiliary Bishop of New York from 1951 to 1965.In 1951 he also began a weekly television program on the DuMont network, Life is Worth Living.The show, scheduled for Tuesday nights at 8:00 pm, was not expected to offer much of a challenge against ratings giants Milton Berle and Frank Sinatra, but surprisingly held its own, causing Berle to joke, "He uses old material, too".In 1952, Bishop Sheen won an Emmy Award for his efforts, accepting the acknowledgement by saying, " I feel it is time I pay tribute to my four writers. Matthew, Mark, Luke and John ."On October 2, 1979, two months before Sheen's death, Pope John Paul II visited St. Patrick's Cathedral in New York City and embraced Sheen, saying, " You have written and spoken well of the Lord Jesus Christ. You are a loyal son of the Churc h."In 2002 Sheen's Cause for Canonization was officially opened, and so he is now referred to as a Servant of God.Reruns of Sheen's various programs continue to air on the Eternal Word Television Network (EWTN) and the Trinity Broadcasting Network (TBN).


Exemplo de Vida

Por amor a Jesus Sacramentado (Uma história sobre o verdadeiro valor e zelo que devemos ter pela Eucaristia)

Alguns meses antes de sua morte, o Bispo Fulton J. Sheen foi entrevistado pela rede nacional de televisão: "Bispo Sheen, milhares de pessoas em todo o mundo procuram imitar o exemplo vossa eminência. Em quem o senhor se inspirou? Foi por acaso em algum Papa?". O Bispo Sheen respondeu que sua maior inspiração não foi um Papa, um Cardeal, ou outro Bispo, sequer um sacerdote ou freira. Foi uma menina chinesa de onze anos de idade.

Explicou que quando os comunistas apoderaram-se da China, prenderam um sacerdote em sua própria reitoria, próximo à Igreja. O sacerdote observou assustado, de sua janela, como os comunistas invadiram o templo e dirigiram-se ao santuário. Cheios de ódio profanaram o tabernáculo, pegaram o cálice e, atirando-o ao chão, espalharam-se as hóstias consagradas. Eram tempos de perseguição e o sacerdote sabia exatamente quantas hóstias havia no cálice: trinta e duas.

Quando os comunistas retiraram-se, talvez não tivessem percebido, ou não prestaram atenção, a uma menininha, que rezando na parte detrás da igreja, viu tudo o que ocorreu. À noite, a pequena regressou e, escapando da guarda posta na reitoria, entrou no templo. Ali, fez uma hora santa de oração, um ato de amor para reparar o ato de ódio. Depois de sua hora santa, entrou no santuário, ajoelhou-se, e inclinando-se para frente, com sua língua recebeu Jesus na Sagrada Comunhão. (Naquele tempo não era permitido aos leigos tocar a Eucaristia com suas mãos).

A pequena continuou regressando a cada noite, fazendo sua hora santa e recebendo Jesus Eucarístico na língua. Na trigésima noite, depois de haver consumido a última hóstia, acidentalmente fez um barulho que despertou o guarda. Este correu atrás dela, agarrou-a, e golpeou-a até mata-la com a parte posterior de sua arma.


Este ato de martírio heróico foi presenciado pelo sacerdote enquanto, profundamente abatido, olhava da janela de seu quarto convertido em cela. Quando o Bispo Sheen escutou o relato, inspirou-se de tal maneira que prometeu a Deus que faria uma hora santa de oração diante de Jesus Sacramentado todos os dias, pelo resto de sua vida. Se aquela pequena pôde dar testemunho com sua vida da real e bela Presença do seu Salvador no Santíssimo Sacramento então, o bispo via-se obrigado ao mesmo. Seu único desejo desde então seria atrair o mundo ao Coração ardente de Jesus no Santíssimo Sacramento.


A pequena ensinou ao Bispo o verdadeiro valor e zelo que se deve ter pela Eucaristia; como a fé pode sobrepor-se a todo medo e como o verdadeiro amor a Jesus na Eucaristia deve transcender a própria vida.


O que se esconde na Hóstia Sagrada é a glória de Seu amor. Todo o mundo criado é um reflexo da realidade suprema que é Jesus Cristo. O sol no céu é apenas um símbolo do filho de Deus no Santíssimo Sacramento. É por isso que muitos sacrários imitam os raios de sol. Como o sol é a fonte natural de toda energia, o Santíssimo Sacramento é a fonte sobrenatural de toda graça e amor.

Resumo de um artigo "Let the Son Shine" pelo Rvd. Martin Lucia


Devoto de Santa Teresinha do Menino Jesus

A Editora Basilica Press anunciou a publicação de escritos do Arcebispo Fulton J. Sheen, que datem de há 25 years.

O livro "Tesouro de uma História de Amor, de 187 páginas, de capa dura, e bordas douradas é uma edição comemorativa, que inclui os escritos de Fulton Sheen sobre Santa Teresa de Lisieux, com onze páginas de dados biográficos e fotografias. Ainda um extrato de seus últimos escritos.

Fulton Sheen é considerado o maoir comunicados do Século XX . Seus programas de rádio e televisão foram ouvidos e assistidos por bilhões de pessoas.

O livro histórico retrata a vida de Santa Teresa de Lisieux, escrito por ele no ano de 1973 em Dublin, Irlanda, por ocasião dos cem anos de seu nascimento. Ele fala da espiritualidade da santinha, conhecida como a " Pequena Flôr", que se tornou tão popular.

Um dos diretores da mais famosa TV Católica Americana a EWTN Raymond Arroyo falou do novo livro nestes termos: “ só existe um único Fulton Sheen, e aqui dando o melhor de si, com verdadeiras pinceladas na vida espiritual e a preenchendo com o drama, Oh sim ! Como é prático. É como se fôssemos a um retiro espiritual, tendo ele como o nosso mestre — um retiro que recomendo de coração "
Para saber mais >>>> The Archbishop Fulton J. Sheen Cause website.